julho 23, 2005

Princesa

" Daquele estrato ela desceu, com as mãos pequenas e frágeis, numa doce agonia de viver, transparecida pelo aveludado contorno dos lábios. E sorriu, para mim, num brilho de viver, vezes em conta, naquele chão fora de si, fora do seu alcance."
S.
Quando a conheci, simpatizei logo com ela. Pequenina e cheinha, na altura. Cabelo mt escuro e uns olhos enormes, como bulotas que brilhavam a distância, enfeitadas com longas pestanas. Um sorriso terno e rasgado, vestido por dentinhos brancos e direitos. Uma doce rapariga, enérgica e ingénua, parecendo muito mais nova do que é.
Hoje em dia, após vários anos de ligeira convivência, essa rapariga representa muito mais do que uma figura obrigatória para mim.
Via-a muitas vezes a descer aqueles escadarias, de olhos inchados, sempre a fugir, com o medo estampado naquela expressão miudinha. Não entendia porque tinha aquele comportamento: dois grandes olhos que falavam por si, mas que se reprimiam numa prisão de sentimentos mistos e agonizantes. Eu via que ela não andava bem, queria ajudá-la mas não era fácil.
O tempo passou e ela não se soltava. A Princesa lá andava, murcha como muitas flores que não apanhavam raios solares, nem eram lavadas com a pureza da terra. Perdeu peso, esmoreceu-se naquela prisão, onde apenas um dragão a protegia da beleza da realidade, não sabendo qual o caminho tomar para atingir a sua meta. Nem que meta seguiria.
Doce Princesa.
Caminha, vagarosamente, naquele esguio de corpo, pelas ruas sujas da cidade, brilhando vagamente por cada esquina cruzada, bafejando o ar de um aroma doce. Os cabelos cor de fogo, avolumam a atmosfera, decoram as copas das árvores doentes que rodeiam os citadinos. O sorriso honesto e devorador de partículas de música dirigi-se a mim e, de olhos bem meigos e atenção afiada, ela contempla-me a abraça-me como se aquele fosse o último momento, ainda para nascer, na esfera do Universo.
Bela Princesa. O seu instinto abraça-me e fortalece-me. Beija-me as feridas no coração e muda as ligaduras das lágrimas ensaguentadas, fortes na sua direcção. Afaga-me os longos cabelos, vendo neles um brilho furtado, enche as minhas órbitas com novas percpectivas e visões. Ela é sangue do meu sangue, é minha parente em tudo. Inseparáveis.
Princesa.
" É hoje que falo de ti no blog!!! Vou-te dedicar um post!! Adoro-te!"

Sem comentários: