julho 26, 2005

" O regresso ao meu amado Egipto.."

"..3, 4, 5, 6..deixa o corpo fluir. Tu sente, tu deixa ir a natureza do corpo."
Hoje as minhas férias irma ser diferentes. A rotina do "levanta", "finge que come" e "sai dec asa depois do almoço para superar o tédio" ia ser quebrada e com ela vinha um novo desafio que aqui a vossa amiga sempre quis cumprir. O WorkShop de Dança Oriental no CCB com o egípcio conceituado, Mohammed ElMasseri, professor no Ateneu de Lisboa e conhecedor destes negócios há quase 20 anos.
Tendo em conta os últimos episódios conturbados da minha vida, onde o desporto não tem tomado um papel muito relevante, eu sabia que este WorkShop de uma semana (das 17 as 18 e meia e das 20 e 30 as 22...puxadote, hãn?) iria melhorar o meu estar físico e psicológico. Afinal, para quem não saiba, praticar a dança do ventre melhora a postura feminina, aumenta o bem estar enquanto mulher e dá mais sensualidade. O que iria ser óptimo..Além disso, sempre adorei praticar dança do ventre..Via o "Clone" e pronto..é o que dá, punha-me a abanar a anca no quarto ao som de "Habibi". Pode parecer foleiro, mas não é.
E foi precisamente com essa música que o WorkShop começou. Vocês não têm noção do que eu suei. A S. também foi comigo, mas estava atrás de mim e eu nem sempre a conseguia vislumbrar. O local era um típico sítio de ensaios de dança, com espelhos de um lado e o elegante egípcio com as suas roupas arrojadas: uma camisa vermelha com folhos e umas calças pretas com o lenço na cintura, cor de laranja. Havia imensa gente já conhecida dele, alunas, gajas com vestidos e fatos lindíssimos. Compridos, com muitos lenços de muitas cores. Bastava um ligeiro abanar e o "tchiqui tchiqui" das moedinhas infinitas, fazia-se ouvir. Fiquei impressionada.
Após uma pausa de duas horas, voltei a outra aula intensa de hora e meia. Desta vez não suei que nem uma cavala, a S. não estava comigo e fiquei alguns minutos sozinha antes da aula começar.
Aquela música a entoar na sala, o suor a escorrer pelas pernas abaixo, o tlim das modeinhas douradas dos meus lenços pretos..Tudo convergia para uma direcção de bem estar e segurança, com a fluidez daqueles movimentos sensuais onde as ancas, a barriga e os braços trabalhavam naturalmente. "Deixem o sentimento sair", dizia o moreno professor. À minha frente estavam as experientes alunas dele, que já deviam saber todos os passos de côr. E eu, continuei a olhar para o espelho, tal como o sabido egípcio sugeria, deixando o sentimento sair e sorrindo sempre para um futuro próspero e saudável, na esperança de algo novo surgir. Podem achar isto lamechas, mas foi o que senti naquelas horas em que lá estive. Longe de tudo e de todos, apenas livre nos movimentos dos passos daquela sensualidade, rebolando pelo chão, sujando o pé nu e calejado, molhando a ponto dos cabelos ruivos com a humidade das costas lisas.
E, passado as horas de libertação, caminhei para o comboio, o caminho para a exteriorização de 1000 pensamentos perdidos..
" Salamaleikum.."

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