maio 07, 2007

"...UM bota de elástico.."

Caros amigos, venho por este meio fazer uma correcção. Há uns posts atrás falei de alguém que se referia a si mesmo como "uma bota de elástico". A mesma pessoa já me corrigiu, pois a expressão usada em português correcto é "um bota de elástico" e não no feminino, "uma bota de elástico", como eu tinha colocado. Obrigada, Z.!! ( O "arrumador" de uma fábrica cheia de sonhos..)
Quem detectar mais erros ou gralhas, por favor, queira contactar e avisar! Devia ter um prontuário sempre ao pé de mim..L.

maio 06, 2007

Tivoli, sono e emoções (III)

"..Tonight make me unstopable.."
Imparável. Dia após dia, hora após hora. Era assim que eu e a equipa da SPC Tv estávamos, à medida que a missão se aproximava do seu fim. O canal funcionava sempre, de manhã à noite, na maioria do tempo, com transmissões em directo das tais salas com designação mitológica. Conferências ou mesas-redondas para discutir pseudo-temas (e sub-temas) da Cardiologia, estava tudo em efervescência intelectual. Nós, por outro lado, já andávamos um quanto ou nada fatigados. Ah pois é, bébé. A dormir 2 ou 3 horas por noite, epá, não há crânio ou mente genial alguma que resista.
"..5 estrelas.."
E o que há mais a dizer sobre o XXVIII Congresso Português de Cardiologia e a SPC Tv? Isso agora..Havia muito mais a dizer, mas pouco que se possa concretizar aqui, neste momento. Existiram momentos muito especiais que neste momento nem sei como descrever. Acho que estou bloqueada..Não, estou bloqueada mesmo, confesso. Já se passou semana e meia ou mais, desde que deixei Vilamoura. Eu e as minhas colegas jornalistas abalámos, já que o evento já tinha acabado e não estávamos ali a fazer mais nada. O resto da equipa teve de ficar mais um dia por questões técnicas (desmontar e fazer desaparecer tudo, como por magia, daquela sala que outrora foi a SPC Tv).
Quando deixei aquela sala, deixei-a a pensar que era mais um fim de dia de trabalho. A seguir ia para o hotel ou passear pela marina com alguém, ou ia comer. Não sei. Mas não foi nada disso. Era um "adeus", quiçá um "até já", todavia pesado e sentido. Latejou. O meu coração tremeu perante aquela saída da minha vida, durante a última semana. Uma vida completamente diferente e pela qual já estava totalmente - e irremediavelmente - apaixonada. As personagens do filme da minha vida já não eram as mesmas..ou seria aquela semana apenas um capítulo que tinha chegado ao fim? Sim, era uma mini história, uma curta metragem. Uma vivência com as características dos eternos e melhores prazeres da vida. Curta mas intensíssima. Como se cada segundo valesse por horas. No final de contas aquela semana era quase um mês, tantas eram as experiências que tinham sido acumuladas. De cheiros, sabores, sons, fragâncias que ondulavam no ar como borboletas. Chamavam-me a atenção. Montes delas. Ao mesmo tempo. E eu não conseguia absorver tudo. Aquela água da marina, esverdeada e suja, o ar húmido reforçado pelos chuviscos que me beijavam a cara, o "cheiro" a bifes e turismo por todo o lado.
Reti essas imagens e escapei, escapei daquela sala com o olhar contaminado de pena, de tristeza. Escondi-me o mais que pude. De mim mesma, dos outros. Coloquei os óculos escuros e camuflei a vergonha que sentia. Não queria que me vissem assim e, ao mesmo tempo, não conseguia mostrar outra coisa. Não podia. "Foi um autêntico Big Brother..", dizia-me a C. Sim, pois foi. Deixei Vilamoura para trás. Não sei se também deixei todos os que conheci. Talvez mais cedo do que julgue, os volte a observar. Talvez não e faça já parte do passado. Mas uma coisa é certa. Nunca esquecerei as memórias. Essas..já ninguém mas tira. L.

maio 01, 2007

Tivoli, sono e emoções (II)

"Nunca vi um caso tããã gravee.."
No meio de bastantes homens, de idades variadas, as meninas jornalistas encaixaram-se bem e logo, logo, começaram a entrar nas conversas que se passavam à mesa. Pormenores não serão discutidos aqui (epá, tenham dó que eu ainda respeito a minha privacidade e a dos outros igualmente ), mas poderão, eventualmente, ser revelados certos dados passíveis de muita coisa (que eu agora não vou explicar, escusam de tentar encontrar alguma história para levar ao "24 Horas"..).
Nos primeiros dois dias, eu e as minhas compinchas do jornalismo, não fizemos (quase) nada. Andámos a passear pela Marina de Vilamoura, com os seus iates ingleses à tona de água esverdeada turva. A ansiedade era muita. Eu estava contente por ali estar, acima de tudo por ter a oportunidade de aprender e de trabalhar numa área que francamente gosto. O facto de poder vir a fazer directos era um grande factor de estímulo. O factor "comunicação em bruto", no local, na hora, sem filtragens ou tratamentos antes, constituía o maior desafio para mim. O ter que se transmitir a informação certa, na altura certa, de forma precisa e objectiva, juntamente com o maior número de dados possível. É a chamada síntese jornalística que dá a volta à cabeça de muita boa gente..Mas enquanto o trabalho e o stress não chegavam (deviam ir pela estrada nacional, cheia de curvas e sobressaltos) aproveitou-se para apreciar as vistas, ir às lojas, apanhar ar fresco e até experimentar a borbulhagem do jacuzzi. Experiência essa deveras divertida para todos, especialmente para os bifes presentes no momento eu que escorreguei, ao tentar sair do dito jacuzzi, torci o pé e caí para trás, aterrando na espuma fofinha da água gaseada. Foi uma risada geral e já não sei quem riu mais. Se fui eu ou os ingleses, com uma tosga, ali mesmo ao meu lado.
"Ai se eu fosse uma bota de elástico.."
Não me teria, jamais, contratado. Pois claro que não. Era o que o Z. me dizia muitas vezes quando eu me punha com ar de malandra. É que nem eu me contratava a mim própria.
(Ir para uma entrevista muito descontraída, com a linguagem mais coloquial possível (hey, não confundam é descontracção com falta de educação e brejeirice, que isso eu não fiz nesse dia lol..), rir às toneladas e pedir para ficar com um homem no quarto em vez de uma mulher (é óbvio que não estava a falar a sério..), são factores fortíssimos para..levar um chuto e ir para o olho da rua. De facto, acabei por ir ir embora para a rua, mas sem a parte do chuto. senti-me envergonhada e apetecia-me enfiar num buraco, mas naquele dia disse não às convenções sociais, ao "politicamente correcto" e fui eu própria. Espontânea e natural. Não estudei o discurso, limitei-me a dizer o que tinha a dizer, jogando, de forma humorística, com as palavras. E lá foi. Foi tão bem que, no próprio dia, me ligaram e requisitaram. Fiquei feliz. Muito mesmo. Como não me sentia há algum tempo. )
Mas, lá começou o trabalho, a distribuição de tarefas. Finalmente tínhamos redacção. Pequena mas bonita. Toda a equipa trabalhava num único espaço, bastante amplo. Seria certamente uma das várias salas de reuniões existintes no hotel, emprestada à SPC Tv. Era uma Gemini. Havia a sala Neptuno, Pégaso, Fénix, da I até à III..Não me perguntem a razão para estes nomes. Talvez por motivos mitológicos e astronómicos. Mas eram salas com denominações muito sui generis. Eu gostava. Parecia que estava numa dimensão superior à da realidade. Talvez lá pudesse encontrar deuses gregos e seres mitológicos que me fizessem companhia nas horas mortas. Contudo, não havia tempo para vaguear e havia que ser muito objectiva, assimilar a realidade daquele Congresso e limitar-me a viver nela. Nada mais. Na nossa Régie, havia um cantinho para a Redacção, Direcção de Programas, Mini bar..Vejam lá que até tínhamos uma máquina de café. Eu, que quase nunca bebo café, dei por mim a beber 4 e 5 cafés ao dia. Como dormia muito pouco, era a única forma de conseguir render alguma coisa. Foram oito dias esgotantes fisicamente. Cada uma de nós estava vocacionada para certas coisas, trabalhava em coisas diferentes. Só que, por muito estranho que pareça, apenas havia um editor e um digitalizador. As cassetes acumulavam-se e antes que pudéssemos trabalhar as nossas peças jornalísticas, quase que caía o Carmo e a Trindade. Felizmente, o nosso editor valia por vários. Trabalhava bem, dava sugestões e mais. Era giro e fofo. Adorava brincar com ele e, talvez por isso, ele tenha sido uma chave importante nesta aventura algarvia. Tornou-se um amigo, talvez mesmo "o" amigo.
"..More than words.."
Em certas alturas as palavras não chegam para expressar as emoções que surgem e, inexplicavelmente, ficamos presos a nós próprios. Para quê forçar uma coisa? Porque hei-de tentar transmitir a alguém um sentimento tão meu e tão individual, que sei, à partida, que ninguém vai entender? Um dia à noite, senti-me assim por segundos. Fechada, abafada. Não sei dizer o porquê. Era desconfortável e não conseguia responder. Sem demoras, levantei-me do nada e fui deambular pela marina. Muito se especulou sobre este meu escape repentino e posso garantir, desde já, que se especulou demasiado em coisas que nada tinham a ver. Quis sair, apanhar ar fresco, sentir-me viva. Tinha emoções contidas, fechadas e isso fez-me sentir angustiada. O turbilhão de emoções, cá dentro, que cresce, desenvolve e morre, naturalmente. Mas para que isso aconteça, tem de ser canalizado para algum lado. Através de mim. Dei por mim, totalmente desnorteada, à deriva, entre as luzes de néon, a brisa cortante e o olhar turvo. "Tens lume?" Era ele, o meu guardião. Veio atrás de mim e não ficou nunca totalmente satisfeito, com nenhuma das minhas respostas. A verdade é que não tinha nada de concreto para lhe dizer. M. Uma das personagens mais misteriosas daquele grupo, sempre conseguiu ver-me por detrás da minha aparência. Especialmente por detrás "dos olhos castanhos, misteriosos e profundos, sem fim". Realmente, não sei qual é o fim deles.
"..vou tentar falar com um senhor que se aproxima de óculos.."
Finalmente consegui. Fiz o meu primeiro directo. Foi antes da hora de almoço, no corredor do hotel, perto da recepção e do espaço SPC. Foi uma emoção e acho que me saí bem, mas preciso de ver as imagens..claro. A ideia era apanhar médicos congressistas e captar a sua opinião em relação ao evento. O engraçado era perceber a dificuldade que se tinha de se conseguir falar com alguém..pois, toda a gente fugia..mas, com jeitinho e sorte, lá apanhei uns passarocos de ar importante e tal..Estava a tremer de nervosismo, de excitação, felicidade. Foi uma experiência..a quadriplicar. Sim, porque foram quatro directos. Nem sei como saí de lá viva. L.