julho 20, 2005

"Atenção, Senhores Passageiros, a circulação encontra-se interrompida pelo seguinte motivo: acidente com peão. É favor não forçar as portas."

"Não estou disponível. Ponto."
Tchaikovsky.
Ontem fui ao cinema. Já ando para ver a "Guerra dos Mundos" há algum tempo, mas a oportunidade nunca mais surge e como estava com o D. a circular, naqueles belos e saudáveis ares do Colombo, decidimos ir ao cinema ver qualquer coisa. Já agora, não pensava em certas e determinadas coisas que me consomem o espírito como ver as fuças do meu vizinho de baixo a bater-me à porta, em plena hora de morfes, a dizer que a minha voz se eleva até às profundezas das suas infernais cavernas secretas. Pff..É claro que isto não me incomoda, pevas nenhuma, mas também não estavam à espera que revelasse já tudo, pois não?
Como não havia grande escolha, fomos ver o Papão, aliás, "Quem tem medo do Papão?". Uma boa tradução, definitivamente, quando o título original é só "BoogeyMan". Boa escolha. "Yo, chefeeee..vai uma dose de boa tradução na universidade nova!". De facto, achei o filme bastante razoável, já que o suspense estava bastante bem condimentado e apimentado. A imprevisibilidade era alguma, não sabendo ao certo o que ia acontecer, porque com aquele fulano podia acontecer tudo: desde cair as calças e ver-se as ceroulas cor de rosa choque que a empregada lhe tinha oferecido nos seus seus ingénuos 16 anos, até ficar encurralado na escuridão. Já sabemos que neste tipo de filmes de terror moderno (sim, n há como o "Shining" ou algo do género para nos arrepiarmos numa sexta feira 13) o que realmente funciona são os tipos de planos utilizados e a banda sonora. Imagem e som completam-se, fundem-se e para que o clima do inesperado cresça, devem funcionar mutuamente e alimentar a outra, sucessivamente. (Coisa estranha..Desculpem mas tive um Dejá Vu agora..Scary..tava a escrever a frase e tive a certeza que já tinha visto isto antes...)
Por conseguinte, ainda me assustei duas vezes, nomeadamente na cena em que o gajo tá a conduzir, muito bem, não havendo qualquer indício de proximidade de perigo, com uma música manhosa e dissonante e irritante, e, bate um corvo enorme contra o vidro e ainda é quase esmagado por uma camião que vinha de frente. Não quero "spoiler" mas de certeza que não devem querer ver este filme..Mas hey, sempre podem alugar numa daquelas noites de Inverno, com muito vento, chuva e uma companhia bem aterradora, para acabarem por fugir dali para fora. Ahahahah..Não esquecer as pipocas.
Contudo, ontem uma pessoa atirou-se para a linha do comboio, nomeadamente em Belém, porque a minha cara progenitora liga-me e informa-me do sucedido. Aliás, foi uma senhora que se atirou em Belém e que estava mesmo por debaixo da carruagem onde a minha informadora se situava. Ainda fiquei parada mais de 15 minutos em Caxias, por certamente estas coisas demoram. E é incrível, observar as reacções mais inesperadas destes seres que andam connosco no dia-a-dia..(aliás, andam que nem Zombies). Uma pessoa acaba de perder a vida, por razões que desconhecemos, poderão ser as mais ridículas, Mas a preocupação das pessoas é só o tempo que ali perdem, e o dinheiro que gastaram no bilhete. Certo.. Compreendo, também gasto dinheiro no passe, que não é nada barato, mas perante tal situação, só penso na vida daquela pessoa e nos motivos que teria tido para fazer tal coisa. Um acto total de desespero. E ao mesmo tempo de coragem. Em toda a minha vida, já senti esse desespero. Mas com as oportunidades que a vida nos dá, transformei esse desespero no inesperado e tudo se tornou muito mais surpreendente.
Voltarei, meus amores. L.
"Paguei o bilhete e agora é isto.."

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