setembro 26, 2004

(Des)Encontros

"Vou ter saudades.."

Oh Rafael..

Hoje tou particularmente introspectiva e pensativa. Sempre fui assim, uma conchinha de sentimentos e emoções, todas trabalhadas e lascadas, como uma obra de arte rudimentar, cuja mensagem supera as nossas expectativas. Mas hoje, sinto-me mais..presa a ti, presa aos teus olhos que tanto anseio rever.

Só desejava poder expressar, abertamente, os meus sentimentos por ti. Dizer que te adoro, que te quero, sem constrangimentos, medos, inseguranças. E como queria ter feedback, saber que sentes o mesmo por mim, que me desejas, que anseias estar comigo a todo o segundo, de cada minuto, de cada ínfimo dia, de cada longo dia que é uma eternidade. Apetece-me escrever um poema..Assim é.

Num limiar de escadas quebradas,

Chamaste-me, sussurraste, algo proclamaste,

Num hábito castanho e levado, por três almas, surpresas e paradas.

Numa vermelhidão de dois lábios rosados, te sorri, sem saber,

Sem te conhecer, me rasguei, me perdi, te recebi sem prever.

E em cada dois andares destruídos, em cada um dos desejos desconhecidos,

Senti essa fugaz brutalidade a tomar conta de mim,

A embalar a minha alma e sensibilidade, fazendo desejar-te,

Vivendo para te ler a alma, esse espelho inquebrável,

Esse enigma indecifrável, respeitável,

Apenas, vivendo os segundos que passavas diante do meu jardim.

Gestos, olhares, desvaneios nos aproximaram,

Sem saber o que fazer quando estava perto de ti,

Acalmar um coração, que sofria, num abismo de olhar, incontornável,

Te queria, fugazmente e libertinamente, subir a escala etária e te poder conquistar..

Dados, símbolos, iconografias físicas nos envolviam, enquanto todos se riam,

E ao passar em mudar, o público só conseguia cochichar.

Mas os toques que nos sorriam, a proximidade que nos tecia,

Mordeu-me docemente um dia, a vontade de me largar,

Destemida, pelo teu amor lutar, pintar de luar os teus olhos,

Unir, incessantemente, os nossos corpos.

Com poucas letras se faz de ti, um ser humano incrível,

Cuja rigidez floresce num rio de plenas flores e de amores,

Cujas mensagens se envaidecem de si,

Me deixam cada vez mais apaixonada por ti..

Nestas milésimas replicadas de sofrimento, espero cada segundo, amarguradamente,

Por uma confirmação de andar, um movimento que me faça alegrar,

Só tu me podes ter, só tu me podes ensinar..

A arte da vida, a arte do amor, contida num olhar...

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