julho 11, 2007

"Cobras, cenas e sonhos.."

Pois é.
Ontem tive um sonho horrível. Acordei meio suada, meio azambuada com o realismo das imagens que, minutos antes, visionara através do obscuro da minha mente. Corri para o frio de um duche matinal, na esperança que me acordasse e me libertasse dessas memórias (com bastante significado, diga-se). A água escorria e lambia-me..eu fechei os olhos e vi-a. A serpente.
Estava com alguém, não sei quem é, não me perguntem. Um desconhecido - alto, moreno e qualquer coisa como bastante afável - acompanhava-me numa viagem algures. Íamos sorridentes e felizes como se pertencêssemos a uma película de Hollywood. Hum, era bom era. Mas a parte a seguir piorou..
Abri os olhos.."err..champô, champô..". Meti daquele líquido químico no cabelo, semi adormecida, e voltei ao meu sonho. S. Ela lá estava no sonho. Uma data de acontecimentos bizarros sucederam-se, encadeados, para me magoar e atingir. Eu corria, fugia, estripava-me e o "desconhecido" lá estava para me proteger. Estranha esta sensação de ter uma brasa, que não conheço de todo, num sonho, a dar-me o seu ombro amigo para consolo.
Depois de tamanha recilagem de planos zoom, de correrias em telhados e de música ambente, só me recordo de uma última cena - digo "cena" porque encaro os meus sonhos como filmes, autênticas aventuras em forma de curta-metragem que me possuem a mente -. Um corredor de um avião. Os compartimentos por cima dos assentos dos passageiros. Eu, sozinha e esfarrapada. Dirijo-me a um compartimento em busca de algo, não sabendo bem o quê, mas temendo a armadilha que se encontre no seu interior. E, passo a passo, decidi avançar, caminhar em direcção ao perigo, como se fosse inevitável e bom. Cada vez melhor. Abri o compartimento cautelosamente. Variada bagagem de mão, composta por malinhas de médias dimensões, compunha o espaço. Observei. "Ts, tssss...". Pânico. Uma serpente ali demabulava..aproximei-me. Sagaz e atenta vislumbrei uma cabeça ovulada e ondulante a surgir com os olhos a faiscar no ambiente soturno do espaço. Por fracções de segundos agitou a língua com languidez para, no momento a seguir, atacar, mas !pás! Reagi, num ápice de segundo, e fechei a tampa, batendo na cabeça da serpente que tinha atacado na minha direcção. Uma, duas, três vezes. Continuei num esforço árduo para não sentir a camada adiposa do réptil no meu braço.
Silêncio. A cabeça do animal estava esmagada, o sangue espesso escorria. Abri o compartimento, vasculhei o interior, repugnada pelo olhar da serpente me atingir fulminante, e deparei com a mala da S. Percebi, de imediato, tudo. Era no interior do objecto que estaria a cobra certamente. "Mais uma tentativa falhada...". Senti o corpo fraquejar naquele momento e o coração a latejar. Por muito que me esforçasse não conseguia entender a obstinação na minha morte. Encontrei documentos dela. Uma foto de passe com cabelo entrançado. Um livro de feitiços, bruxaria e maldições. Vasculhei e boquiaberta, congelei. Nem queria acreditar. Na 1ª página do pesado livro estava uma foto minha, para minha admiração e, por baixo, uma legenda: "A nossa vítima/ alvo". Inveja, azar no trabalho e no amor. Estava lá tudo. Larguei tudo e desatei a chorar, enquanto deslizava até ao chão alcatifado..O desconhecido surgiu. "Lara, estás bem?" Abraçou-me fortemente e beijou-me como se fosse o último instante antes do mundo acabar. Nesse momento ouvia-se como pano de fundo.."Porquê?..Te esqueceste de mim..assim?..Diz-me porquê..".L.

1 comentário:

José Carlos disse...

Mas que imaginação...
Uma verdadeira salteadora da mala perdida...
Lara jones no seu melhor...