setembro 25, 2005

"Fim de Semana constipado.."

Pois é. Tou doentita e, por causa disso, não arredei de la casita todo o fim de semana. Que tristeza. Passei o tempo no computador ou na sala a ver as comédias deprimentes de Outuno. Bem, sempre tive o prazer de comer uma torradinha com queijo, daqueles quase amanteigado. Ontem já tava com este blog pelos cabelos. Desculpem lá, qualquer coisita. Mas é que tinha feito uma dissertação, deveras, exaustiva sobre o meu ano na universidade e sobre o sistema que lá vigora. Depois, quando percebi que já tinha tudo viajado para o espaço, até fiquei tonta - o que fim e ao cabo, nem poderia distinguir muito bem, se era da doença ou do susto -.
Basicamente, a minha universidade é composta por um bando de pessoal de direita ou extrema direita, com medo de pessoas revolucionárias e inovadoras. Aliás, como disse Maria José Nogueira Pinto aos jovens desta minha geração: "Na vossa vida profissional, nunca ineventem nada. Por favor. Vão buscar modelos já usados noutros países e apliquem-nos à realidade portuguesa." Interiormente, soltei daquelas gargalhadas desavergonhadas, como se tivesse a beber uma coca cola e cuspisse tudo, directamente para cara da senhora. Mas claro, não mexi um músculo. Sou livre de pensar e imaginar tudo, mas respeito muito as opiniões e ideias dos outros. Mas, ai ai, será que sou obrigada a resignar-me a copiar? Não se pode criar, inovar? Se bem que há uam teoria qualquer da história de arte que diz que já tudo feito e criado, que já não é possível ter novas ideias. Ou seja, tudo o que eu penso que é criação é apenas recriação, é reinventar ideias que foram utilizadas noutras realidades e aplicá-las no presente. Mas, não poderemos considerar esse facto, uma efectiva criação? Passo a explicar. Os tempos mudam, evoluem. Não é posso copiar ideias, jamais. Mesmo que a base idealística seja a mesma, as circunstâncias serão sempre diferentes. Nem que tivesse passado apenas um dia, a ideia poderia ter a mesma base e até a mesma finalidade, mas certamente que iria desencadear diferentes resultados. Todos os dias as pessoas mudam, sentem-se diferentes. Não conseguimos fazer as mesmas acções, da mesma forma, todos os dias. Isso é, humanamente, impossível. Há dias em que odeio o cor de rosa, porque acho piroso. Noutros dias, acho que fico apetitosa e noutros, sinto que entrei no plateau dos "Morangos com Açúcar" e sinto-me fashion. Sei lá, é tudo tão rápido e subjectivo nos dias de hoje. As pessoas andam à velocidade da luz para arranjar a sua vida. Querem logo ter namorados, arranjar um carro, beber muito álcool, ter muita roupa. Ter muitos bens materiais. E os fracos, aqueles que têm menos para mostrar, são os que acabam por perder a corrida. Se, em cada dia, o nosso estado de espírito muda, aleatoriamente, será possível que as ideias de há dois séculos são plagiadas, tendo em conta a diferente realidade me que nos encontramos? Para não deixar de pensar nas tecnologias e tudo o mais, nas implicações que acarreta. No faroeste americano, os cowboys não mandavam e-mails às meninas dos saloons, ou pediam fotografias. Não precisavam de ficar em casa a bater uma punheta enquanto viam a foto da Betty em ligas. Pistola, chapéu, moedas. Atravessavam a rua e lá iam eles. A distância do nosso tempo, deturpa tudo. Afasta as pessoas. E elas, tornam-se zombies ambulantes, cercadas de gelo. É assustador.
Quando vim de Cuba, senti um choque que não imaginam. Lá, as pessoas falavam, cantavam na rua sem vergonha. Viviam com o básico para a sua saúde mental e física, sempre com um perrro por perto, rum, charutos e uma guitarra clássica. Era animação por todo o lado. O olhar e a língua latina, aliada ao andar de cada cubana sensual, fazia com que a desinibição fosse o sentimento dominante, e a proximidade à terra e ao povo, fazia-nos sair de nós próprios, descobrir novas formas de agir e interagir. Cá em portugal, as pessoas parecem mortas. Frias, distantes. Não se relacionam. Pelo contrário, buscam a distância das outras, procuram protecção. São mordazes e implacáveis para o outros, lançando, ao mínimo vislumbramento de algúem, um olhar fulminante de desconfiança.
Comecei as aulas há duas semanas e, digo-vos, não vejo a hora de ir para a minha vidinha. ter o meu dinheiro, fazer o que me dá na real gana, ficar um mês sem fazer nada se me apetecer. Viver a vida. Uma boa dose de loucura, nunca é demais.

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