setembro 18, 2005

"Ananás com Vinagre: Férias de Verão II"

" Sabor Moralessss"
Havana pareceu-me suja, degradante com as imensas casas da época colonial a caírem aos bocados. Muitas delas nem tinham já varandas e os cubanos ali estavam, numa postura exibicionista, a ver os turistas a passar. Ponderei sobre a hipótese de aquelas pessoas serem felizes ali, mas mesmo apesar de não terem as condições que um português médio tem, com chicas a apanhar gambuzinos e rufias a querer apalpar turistas muitoo inocentes, como aqui a vossa amiga, percebi que o regime comunista era vivo partilhado e respeitado por todos. Claro que há sempre excepções, nada é absoluto em todo o lado. Nem mesmo no regime de Fidel, no qual a expressão "Patria o Muerte" predomina, em cartazes e paredes antigas. Fidel é, de facto, amado em Cuba, apesar de ser tudo estatal e de não terem luxos, a alegria dos cubanos é contagiosa. A forma como as mulheres abordam homens e mulheres (perdi a minha oportunidade de expandir a minha sexualidade..paciência, não gosto de pêlos..), as mini saias em todos o lado, os tijolos ambulantes americanos, a variedade étnica e racial que ali é visível. Cuba é fascinante e apesar de Havana me ter parecido Banquecoque no primeiro dia, com cheiro a sexo e meninas em todos o lado, não esquecendo os polícias que vigiavam os cubanos mais suspeitos que passavam, senti-me viva por não permanecer na estagnação do meu meu mundinho português, que para além de ser pequeno fisicamente, é pequeno em tudo. Os cubanos saõ pobres, mas ao menos têm paixão, têm o sangue a correr nas veias e não têm pudor de nada. Convenhamos, meus amigos, é sempre um desafio maior.
Saímos de Havana, percorremos a parte oriental da ilha, andei de bói, vi um dos maiores murais do mundo, observámos os mogotes - fenómeno natural da época dinossáurica que só subsiste nos dias de hoje em Cuba e na Malásia, no continente asiático - cantei, dancei, comei kilos de frango, vi muita gente a pedir boleia, muitas chuvas tropicais saborosas naquele calor húmido, comprámos, bebemos água, embarcámos para a praia mais bonita que tinha visto na minha vida.
"La Habana...Ui.."
De volta à capital depois de algumas más disposições e muita trovoadaa. Sim, vocês não têm noção do que era. O céu ficava tão negro e havia tantos relâmpagos que parecia que vinha aí um ciclone para derrubar tudo. Felizmente, era apenas um maravilhoso espectáculo da natureza. Tive imensos flashs nessas alturas..Só me apetecia abrir a porta da carrinha em andamento, saltar para cima de um cubano maluco, pegar-lhe na mão e desatar a correr pela estrada a fora, completamente descalça. Sentir aquela chuva tropical, lavar a roupa suada, fazer escorrer cada fio de cabelo, correndo ao ritmo do "Son", a melodia cubana. "Comandanteeeeeee, Che Guevaraaaaa...". No dia a seguir, visitámos Habana Vieja, eu comprei um gorro verde com a estrela vermelha e dizia que era uma revolucionária. E sou, adoro sair dos limites. Em Cuba, ninguém me chateava por dizer que era fãn de Marx. Eheh.
Música, feira, a catedral, os coco taxis. Muita pedinchice, era propinas para tudo e para mais alguma coisa. Nunca tavam sempre satisfeitos, até os guias pediam propinas. Irra, isto é uma cambada de chupistas, é o que vos digo, só faltava roubarem-me a roupa no meio de Habana Vieja e ainda me pedirem dinheiro.

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