julho 26, 2006

Continuação..

(Venho por este meio informar o meu infeliz lapso de redacção do último post. Não era dia 3 que queria dizer, mas dia 4, já que o dia 3 tinha sido o dia da minha partida de Lisboa, tal e qual como tinha publicado. Puf, não há motivo para complicar as coisas.)
Vim de Cancún já era tarde. Tinha passado um bom bocado a passear pelo Mercado 28 - uma espécie de medina de rua mexicana que tinha pechinchas de todos os tamanhos e feitios -, a falar com "la gente". Para além de pôr umas belas tranças tipo bandlete, ainda falei com alguns vendedores, perguntei-lhes sobre a sua visão em relação aos americanos (e, de forma não surpreedente, constatei que estes não eram lá muito bem amados), troquei dinheiro e, claro, mostrei uns "pantallones" únicos nas suas vidas caribenhas.
O sol estava-se a pôr, o céu estava a ser invadido por raios rosa e apressei-me, entre um plano de uma novela qualquer e o ar gélido do ar condicionado, escolhendo a roupa para o jantar, sentindo já um ardor no corpo, do sol escaldante daquela manhã. Talvez por estar com um ar fresco, limpo e de olhinho pintado, tenha suscitado mais atenções do que devia. Frustrada por não conseguir mandar um simples sms à minha cara-metade em Portugal, passava todo o tempo de caminhada a mexer com o lélé, parando apenas quando os limites da minha paciência eram ultrapassados pelas inúmeras "barras" que levei do centro de mensagens em pleno México. Um fulano, metido à bessa, em simples tanga começou a falar comigo. Sabia que eu era portuguesa, não faço ideia como e já estava a querer o braço em cima de mim. Era um idiota chapado, dos maiores que vocês podem imaginar, como nas novelas, em que há sempre aquele gajo que tem muito palavreado, enrola a língua de uma maneira e fala de tal forma teatralizada, de olho esbugalhado e mão solta, que não dá para enganar. Qualquer mulher, burra ou inteligente, percebe o que é que ele quer e o que não quer. Quer sexo e não quer levar uma tampa. Livrei-me dele e fui ter com a Azucena, que já estava a trabalhar. Falei com ela, durante uns minutos bons e fui comer. Depois, um belo sexo na praia (ahahah, era só a bebida) e fiquei sempre com a minha amiga mexicana. Falámos durante horas, o restaurante fechou e depois tirámos umas foto. Para mais tarde recordar (que cliché, yah).
Quis ir à disco mas não aguentei, o longo parlapié que tive nessa noite fez-me querer dormir, até porque no dia a seguir iria sair para o circuito às 7 da manhã. Já não me lembro muito bem, mas acho que simplesmente me enfiei na cama e fechei os olhos, esperando não me cair nenhuma iguana nos pensamentos.
04/07/06
Rise and Shine. Depois de desarrumar uma mala que foi feita quase à pancada, como voltar a meter tudo lá dentro e fechá-la? Com paciência, calma e alguma organização. Comi, voltei, despedi-me e lá levei a mala para junto da recepção. Daí a pouco iria ver a espanhola do dia anterior que me mostrou esse sorriso infantil e esperei até que o guia, um homem semi calvo, de cabelos brancos, com mais de 60, de sorriso afável e divertido, chamado César.
Éramos um grupo de 12 pessoas, vários casais e uma família com uma filha, de cerca de 16 anos. Dois dos casais estavam em lua de mel, eu era a única portuguesa e todos os outros espanhóis. Foi mais um curso intensivo de espanhol que me fez enriquecer, linguisticamente. Fomos a Tulum, Coba, almoçámos e depois partimos para Chichen Itzé. Foi o dia do jogo de Portugal com a França, por isso não há muito mais a dizer. Interrogava toda a gente sobre o jog enquanto me encontrava no meio da selva. Na realidade, o meu coração naquele dia deu uma breve escapela a Portugal, pensando nos nossos craques a brincar com a bola na relva. Infelizmente, as belas fintas não chegaram. Sem golos, não há vitórias. Esteve um calor insuportável, escorria por todos os lados. Ao almoço caíu uma carga de água, proporcional à tristeza que sentia por Portugal estar já a perder por uma bola a zero. "Até parece que D. Pedro adivinhou.."..
Naquele dia, só queria esquecer o mundial e entregar-me a um belo prato de comida e uma fresca coca-cola. Algo que até veio a acontecer..

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