maio 06, 2007

Tivoli, sono e emoções (III)

"..Tonight make me unstopable.."
Imparável. Dia após dia, hora após hora. Era assim que eu e a equipa da SPC Tv estávamos, à medida que a missão se aproximava do seu fim. O canal funcionava sempre, de manhã à noite, na maioria do tempo, com transmissões em directo das tais salas com designação mitológica. Conferências ou mesas-redondas para discutir pseudo-temas (e sub-temas) da Cardiologia, estava tudo em efervescência intelectual. Nós, por outro lado, já andávamos um quanto ou nada fatigados. Ah pois é, bébé. A dormir 2 ou 3 horas por noite, epá, não há crânio ou mente genial alguma que resista.
"..5 estrelas.."
E o que há mais a dizer sobre o XXVIII Congresso Português de Cardiologia e a SPC Tv? Isso agora..Havia muito mais a dizer, mas pouco que se possa concretizar aqui, neste momento. Existiram momentos muito especiais que neste momento nem sei como descrever. Acho que estou bloqueada..Não, estou bloqueada mesmo, confesso. Já se passou semana e meia ou mais, desde que deixei Vilamoura. Eu e as minhas colegas jornalistas abalámos, já que o evento já tinha acabado e não estávamos ali a fazer mais nada. O resto da equipa teve de ficar mais um dia por questões técnicas (desmontar e fazer desaparecer tudo, como por magia, daquela sala que outrora foi a SPC Tv).
Quando deixei aquela sala, deixei-a a pensar que era mais um fim de dia de trabalho. A seguir ia para o hotel ou passear pela marina com alguém, ou ia comer. Não sei. Mas não foi nada disso. Era um "adeus", quiçá um "até já", todavia pesado e sentido. Latejou. O meu coração tremeu perante aquela saída da minha vida, durante a última semana. Uma vida completamente diferente e pela qual já estava totalmente - e irremediavelmente - apaixonada. As personagens do filme da minha vida já não eram as mesmas..ou seria aquela semana apenas um capítulo que tinha chegado ao fim? Sim, era uma mini história, uma curta metragem. Uma vivência com as características dos eternos e melhores prazeres da vida. Curta mas intensíssima. Como se cada segundo valesse por horas. No final de contas aquela semana era quase um mês, tantas eram as experiências que tinham sido acumuladas. De cheiros, sabores, sons, fragâncias que ondulavam no ar como borboletas. Chamavam-me a atenção. Montes delas. Ao mesmo tempo. E eu não conseguia absorver tudo. Aquela água da marina, esverdeada e suja, o ar húmido reforçado pelos chuviscos que me beijavam a cara, o "cheiro" a bifes e turismo por todo o lado.
Reti essas imagens e escapei, escapei daquela sala com o olhar contaminado de pena, de tristeza. Escondi-me o mais que pude. De mim mesma, dos outros. Coloquei os óculos escuros e camuflei a vergonha que sentia. Não queria que me vissem assim e, ao mesmo tempo, não conseguia mostrar outra coisa. Não podia. "Foi um autêntico Big Brother..", dizia-me a C. Sim, pois foi. Deixei Vilamoura para trás. Não sei se também deixei todos os que conheci. Talvez mais cedo do que julgue, os volte a observar. Talvez não e faça já parte do passado. Mas uma coisa é certa. Nunca esquecerei as memórias. Essas..já ninguém mas tira. L.

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